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sexta-feira, 6 de março de 2009

Steve Jobs não inventou o mouse nem Tim Berners-Lee inventou a internet

Antes de mais nada, gostaria de dizer que ultimamente tenho sido cobrado por alguns colegas (não é mesmo Giovanni) pelo fato de não estar postando no Blog do nosso curso.
O que acontece é que meu tempo anda mais curto do que o normal, já que além dos meus projetos rotineiros, resolvi seguir o conselho da Maria Lúcia (que por incrível que pareça gostou das coisas que escrevo) e montei um Blog próprio. Mas isso é uma outra história.
Resolvi publicar aqui algumas coisas que escrevi durante as férias, e que estava guardando pro meu blog.
Sem mais delongas, vamos ao que interessa!!

Voltando ao tema principal do post...
Tim Berners-Lee e Steve Jobs (para mais detalhes, basta clicar nos nomes) são 2 dos grandes nomes da história recente da humanidade - isso é fato! Mas mesmo assim são apresentados de forma equivocada por publicações as quais esperamos justamente que nos informem e esclareçam.

Steve Jobs e Tim Berners-Lee são duas das personalidades mais influentes da história recente da humanidade. Para se ter uma ideia (agora sem acento), o mundo da tecnologia - e consequentemente, o mundo todo - definitivamente não seria o que é hoje, se não tivessem eles realizado o que realizaram.

Aos mitos, porém, cabem, além das justas glórias, atribuições de feitos que não foram deles, tamanha a magnitude do seu brilho. Foi o caso das duas reportagens que comento abaixo.

É impressionante - e lamentável - a frequência com que a grande imprensa peca ao mergulhar em temas que não são de domínio público, quando dela esperamos, justamente, que nos esclareça, informe e embase.

Já explico: em uma mesma semana, li duas reportagens sobre dois ícones do nosso tempo, em dois respeitáveis veículos impressos. E ambas continham equívocos significativos. A primeira delas foi na revista Exame e falava sobre Steve Jobs, da Apple. A segunda foi no Meio & Mensagem, publicação conhecida e reconhecida da área de propaganda e publicidade, que falava sobre Tim Berners-Lee, cientista, pesquisador e lenda viva.

Aproveito e falo um pouco sobre ambos, resgatando alguns fatos.

Vamos começar por esta última. Para quem assina o Meio&Mensagem (como é o caso de uma prima minha, de quem tomei emprestada a revista), é a edição 1343, de 26 de janeiro de 2009. Na página 43, justamente na seção “digital”, uma repórter relata os acontecimentos da Campus Party Brasil - evento cada vez mais representativo no meio da tecnologia e do qual sou fã - em uma página inteira dedicada ao assunto. Tudo ia muito bem, até o box “Batismo na rede”.

Ali, temos a foto do já acima citado Tim Berners-Lee, com a seguinte legenda: “pai” da internet faz previsões sobre o mundo digital. Blasfêmia, blasfêmia!!! Perdoai-os, senhor… O Tim é, na verdade, o pai da web. Do "www". Não da internet. Sim, existe diferença e ela é grande. Apesar deste engano ser comum (e cada vez mais, graças a matérias como esta!), internet é uma coisa e web é outra. No meio da matéria ele até é citado como o criador da World Wide Web, isso sim é correto, mas acabou passando o recado de que web e internet são sinônimos…

Bem, vou economizar texto e colocar esse link aqui, onde vocês vão encontrar os devidos esclarecimentos sobre isso. Só pra resumir, a World Wide Web (a “internet gráfica”, com multimídia) e seus protocolos foram criados pelo Tim entre 1989 e 1991. Mas antes disso, bem antes, já existia internet, gente! E o pai dela é o Vinton Cerf, outra lenda viva e hoje vice-presidente do Google.

Já a mãe, pode-se dizer que é a ARPANet, rede militar criada em 1969. Desde esta data, já havia computadores interligados em rede por um padrão descentralizado - a lógica e a grande sacada da internet. Não muito tempo depois disso, o Vinton desenvolveu o nosso até hoje utilizado Internet Protocol, o famoso IP.

Reparado este ponto, vamos ao caso do Steve Jobs. Ninguém nega que ele é genial. Nem que foi ele o responsável por trazer ao nosso cotidiano facilidades e avanços incríveis, como tudo o que está relatado na matéria da Exame no. 935, de 28 de janeiro de 2009 (a qual tenho em casa, caso alguém queira emprestada). Mas não se pode deixar dúvidas, como no caso do parágrafo aí de cima, de quem é o pai de quem… Popularizar algo não significa ser o criador deste algo. De fato, a revista não afirma explicitamente que foi Jobs quem criou o mouse, nem que foram ele e a Apple que desenvolveram a interface gráfica para os computadores. Mas leva a crer que sim.

Fala genericamente nas “criações de Jobs” apenas alguns parágrafos após ter citado aquelas inovações… E quem não conhece os fatos, acaba por achar que Jobs e a Apple são maiores do que são. E eles já são gigantes! Sem dúvida que são. Acontece que grande parte das inovações que hoje utilizamos - e que a reportagem venera - foram concebidas, ironicamente, por uma empresa conhecida por “copiar” (fotocopiar, na verdade): a Xerox!

Foi no lendário PARC (Palo Alto Research Center), na Califórnia, que a Xerox gestou grandes inovações que perduram até hoje. O primeiro computador “pessoal” a utilizar o mouse e a interface gráfica, inclusive, foi o Xerox Alto (1973) e não o Macintosh (1984). Ocorre que Jobs fez do Macintosh um sucesso e o colocou nos lares dos cidadãos comuns. E é este seu grande mérito.

Mas vamos ao pai das crianças, então? O mouse foi concebido no Stanford Research Institute, pelo genial pesquisador Douglas Engelbart. Foram dele, também, os esforços que criariam o hipertexto e as interfaces gráficas.

Agora, uma curiosidade interessante sobre as duas histórias que cito aqui: em dado momento, elas se cruzam! O computador que Tim Berners-Lee utilizou como primeiro servidor web era um NeXT, do Steve Jobs! (computador desenvolvido na NeXT Computer, empresa que Jobs criou no período em que esteve fora da Apple).

Veja uma foto do NeXt utilizado como servidor por Tim Berners-Lee.

Uma outra curiosidade, já que estamos falando tanto de paternidade aqui, é que acharam um novo pai para o iPod!. Confira aqui, aqui e aqui. Mas isto já é outra história, polêmica, inclusive. Prefiro ficar com as certezas dos fatos acima.

Bom, por enquanto é isso!! Até a próxima...

Fontes: Revista Epoca, Revista Meio & Mensagem e Wikipedia.